quinta-feira, 30 de março de 2006

A economia global e a sua incompatibilidade com as políticas sociais



A economia global pode até ser considerada por alguns como uma coisa fantástica, pois ela permite a circulação de bens ou serviços entre as várias partes do mundo, mas o facto de a economia interna de um país estar sujeita às economias de outros países tem muito que se lhe diga. O facto de os países competirem uns com os outros na venda de produtos do interesse do mercado, leva a que as economias não tenham muita estabilidade, pois o que mais interessa a todas as nações é a diminuição dos custos de produção que estão directamente relacionados com: o custo da mão-de-obra, o custo das matérias-primas, o custo dos meios de produção e claro as políticas de emprego. Isto leva-me a concluir que as empresas de todos os países estão em guerra umas com as outras, para aumentarem ou não diminuírem a sua cota de mercado. O problema aqui instala-se quando as reivindicações sociais acontecem, pois estas quase sempre reivindicam, melhores salários e melhores politicas de emprego aos Governos dos Estados onde estão inseridas. Recordo que são os Estados que definem os aumentos salariais. Caso esta economia global não existisse, estas políticas não seriam um enorme problema para as economias das nações, devido ao facto de estas não estarem num mercado competitivo, como existe o problema é de facto grave. Se economias envolventes a essa determinada economia que pratica politicas sociais favoráveis aos trabalhadores, não impuserem politicas sociais salariais ou de emprego que beneficiem os trabalhadores vão ter um custo de produção mais baixo, e isso dever-se-á a um menor custo da mão-de-obra, e ás políticas de emprego que possibilitam os despedimentos de uma forma mais fácil, pois estas políticas levam a que as empresas não passem muitos dos seus trabalhadores a efectivos, o que leva a que não aconteçam as tão amadas progressões nas carreiras (aumentos salariais), que aumentam o custo de produção das empresas o que simboliza um aumento do custo da mão-de-obra.
As políticas de emprego que os estudantes franceses tanto contestam, estão relacionadas com a não progressão nas carreiras, estas políticas são praticadas com o intuito de não aumentar o custo de produção dos produtos. Os custos destas políticas não sociais para a sociedade são a instabilidade económica das pessoas para o acesso a habitação, a compra de automóvel e a constituição da família. Haverão aqui também problemas relacionados com o sistema de pensões, pois quando os salários são piores, as reformas no futuro também o serão. Outro dos problemas são também as contribuições dos trabalhadores para os pensionistas, pois estas poderão diminuir, o que poderá por em causa a sustentabilidade deste sistema de reformas (o utilizado em Portugal, e também em alguns países (penso que também na França)), pois sem as progressões na carreira, os salários serão menores aos auferidos por pessoas já reformadas, o que simbolizará uma necessidade de reestruturação do sistema.