segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Autarca do PSD revolta católicos de Mangualde

Os católicos de Mangualde andam revoltados com o presidente da Câmara Municipal e de novo candidato nas eleições autárquicas de 11 de Outubro. Tudo porque num dos cartazes de campanha existentes na sede de campanha de António Soares Marques fez-se fotografar com uma legenda que reza que "acima de Mangualde, só Deus".

O bispo reprova a candidatura e aconselha a não misturar religião e política, mas o social-democrata Soares Marques, que tem ligações na Opus Dei, garante que não invoca o nome de Deus em vão. O cartaz da discórdia está em grande destaque na sede da campanha, mas, para Manuela Gonçalves, que foi à apresentação do candidato, "não deve haver confusões nem se pode invocar o nome de Deus em vão".

Uma outra paroquiana, questiona se "a câmara irá ser governada à semelhança da obra católica". Já para Manuel Santos, o cartaz é "revelador do vale tudo a que se chegou na política". Também o mandatário da campanha socialista se mostra "chocado" com tal apropriação. "Este cartaz deve causar incómodo e indignação aos mangualdenses", dispara João Pedro. O mandatário, que se assume como católico, sustenta que "a religião e a política não se mistura, pelo que estes actos ficam com quem os pratica".

O cartaz não se constituiu na primeira vez que a temática religiosa foi introduzida na campanha eleitoral. Logo no discurso de apresentação da campanha, Soares Marques garantiu que ia "ganhar as eleições contra os cristãos-novos do PS e os vendilhões do templo".

O bispo da diocese lembra que "para quem é cristão, Deus está em toda a sua vida". Mas Ilídio Leandro alerta que "não se devem usar os sentimentos religiosos para influenciar opções políticas". Mais assertivo, o bispo de Viseu sustenta que "usar compromissos religiosos em cartazes vai para além da dimensão política".

Fonte: Diário de Notícias - Sábado 1 de Agosto 2009

Cartaz na sede de campanha de Soares Marques cria polémica

Afinal, foi tudo por amor, pois "o amor por Mangualde é tão grande que acima deste só mesmo o amor por Deus". Quem o diz é o presidente da Câmara de Mangualde, Soares Marques, que justifica assim "o pseudo-escândalo" causado pelos seus dois "amores".
O "burburinho" nasceu depois da inauguração da sede de campanha do candidato do PSD à presidência da autarquia de Mangualde, onde foi afixado um cartaz onde se lia "acima de Mangualde, só Deus".

O candidato pelo CDS/PP, Castro Oliveira apelidou o cartaz de "infeliz e despropositado", enquanto que o candidato do PS, João Azevedo, garante que "jamais usaria tal expressão", à semelhança de Manuel Rodrigues da CDU, que defende que "não se deve misturar política com religião".

Também o bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, fez saber que "preferia que esse tipo de cartazes com frases menos felizes não aparecesse, já que focam dois planos que não se excluem, mas são autónomos".

Mas, para Soares Marques, o cartaz não representa mais do que "um amor muito grande por Mangualde". "Um amor ao ponto de dizer que amo tanto a minha terra, que só acima do amor pela minha terra está o amor que tenho para com Deus, que é razão de ser da minha existência", justificou.

O autarca explica que não consegue "compartimentar a vida política com as vivências religiosas", frisando não ser defensor "daquela tese algo maniqueísta que vem da tradição judeo-cristã - e não judaico-cristã como dizem às vezes - que é dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César".

"Sou político, mas sou um político com preocupações religiosas. Não sou político quando entro para a Câmara e não sou religioso quando vou à missa", salientou. Sustentando que "o homem define-se por um conjunto de dimensões completamente indissociáveis", afirma que nunca tentou fazer um aproveitamento político da religião para nada.

O antigo governador civil de Viseu defende que "seria aproveitamento político se fosse um indivíduo indiferente às coisas da religião e a utilizasse para recolher algum benefício". "Fico muito espantado com este pseudo-escândalo… Quais virgens púdicas ofendidas, por parte dos meus opositores!", desabafou, considerando que o cartaz serviu para muitos denegrirem a sua imagem.

Soares Marques contou que o cartaz vai permanecer na sede de campanha, porque "não há meios financeiros que permitam andar a mudar constantemente os cartazes". "Para além disso, a nossa estratégia de outdoors não passa pela colocação desse cartaz no exterior. Fica só na sede de campanha, para não afrontar os sentimentos religiosos da minha oposição", ironizou.

Fonte: Diário de Viseu - Sábado 18 de Agosto 2009