quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

A IVG e os jovens

Muito se tem falado sobre a interrupção voluntária da gravidez (IVG), mas não tenho ouvido falar da IVG associada as mudanças que a era da globalização tem causado e continua a causar nos jovens dos nossos dias. Se há 30 ou 40 anos atrás era possível que um(a) jovem iniciasse a sua vida profissional aos 12 anos, hoje em dia a realidade é bem diferente, pois estamos num tempo onde a educação leva a que a emancipação seja tardia, já que num futuro próximo a idade mínima para poder laborar serão os 18 anos, na medida em que a escolaridade obrigatória será o 12º ano de escolaridade, com a agravante de muitos jovens prolongarem ainda a sua vida estudantil no meio académico. De acordo com um estudo levado a cabo pelo IPJ, cerca de 50% dos jovens que frequentam o percurso académico têm entre 25 e 29 anos, e estamos por isso a falar de homens e mulheres graúdos, que têm necessidades sexuais inerentes à condição humana, como todos os homens e mulheres graúdos têm, embora ainda não autónomos economicamente. É certo que estas pessoas devem optar sempre pela prevenção contraceptiva, mas é sabido que por vezes esta falha por diversas razões, sejam elas por parte do casal ou por insuficiência própria dos métodos contraceptivos.
Devem estes jovens abandonar aquele futuro promissor, casando apressadamente para agradar àqueles que condenam fortemente a existência de filhos sem um casamento?! Deve esta hipotética criança nascer sem estar rodeada de todas as condições de estabilidade que necessita?! Serão 10 semanas o tempo essencial para que uma jovem decida se deve prosseguir com a sua gravidez ou não?! Este é um dos muitos contextos em que sou defensor da interrupção voluntária da gravidez e sou também defensor de um alargamento do prazo na IVG para os jovens, pois considero que estes necessitam de tempo para reflectir, para que não tomem decisões precipitadas que terão um forte influência no seu futuro.
Aos que votam Não: A liberalização do aborto não vai obrigar aqueles que são contra o aborto a realizá-lo, mas caso se mantenha a actual lei, que considera crime a interrupção voluntária da gravidez, estarão a obrigar aqueles que não consideram o momento propicio para ter uma criança a fazê-la nascer, ainda que seja esta a principal prejudicada. A liberdade de opção deve existir, pois na criação da sua família todos devem ser autónomos e nessa medida é justo que cada um decida por si!

Os mais sinceros cumprimentos
Lúcio Balula Júnior